2007/03/01

Arlete














2005/02/24

Jobs for the Boys


Xavier, recém nomeado presidente do Conselho de Administração de um hospital SA, após o jantar, regado com vinho Dão, rematado com um bojudo whisky 12 anos, concordou em jogar uma partidinha de snooker com a malta do Johnny Walker.
À saída ajeitou o nó da gravata, enquanto dava uma olhadela à camisa de seda. Parecia estar tudo em ordem. A mulher repreendia-o severamente sempre que chegava a casa com nódoas. Um gole azedo assomou-lhe à garganta.
Vieram-lhe à lembrança os tempos de tropa. Uma fase de aventuras e alguma generosidade. A campanha africana tornara-o mais cauteloso, desconfiado e, discretamente, ambicioso.
Depois do regresso a Portugal, recomeçara a vida como oficial administrativo da Caixa de Previdência. No concurso a chefe de secção valeu-lhe um tio materno, chefe de repartição, que mexeu os cordelinhos. Estudava á noite, quando não tinha reuniões no partido a que aderira logo no início da revolução.
A esposa, uma mulher de vontade inquebrantável com quem casara pouco depois de se terem conhecido num baile dos bombeiros voluntários da Trafaria, acreditava cegamente que o futuro lhes sorriria, ainda mais, depois de uma cartomante do Seixal lhe ter lido as cartas..
Na festa da licenciatura, além de familiares e amigos mais chegados, convidara o presidente da concelhia. Fizera a sua parte, cabia agora ao partido cumprir o restante. A falta de curriculum seria colmatada pela “confiança” de que era credor o militante.
Em breve, chegavam ao salão de jogos. Há anos que não pegava num taco. Não podia fazer má figura. Logo se veria, tentou tranquilizar-se. Desde a sua nomeação com salário acima dos 7.500 euros mensais, prémios, carro, gasolina e telemóvel, tudo lhe corria pelo melhor.
A malta do Walker galhofava excitada. Afinal, o presidente, o Xavier, era apenas um homem que gostava das coisas simples da vida.
As bolas começaram a rolar. A cada tacada redobravam as bocas e crescia o entusiasmo próprio destes grandes momentos. O jogo desenrolava-se descontraídamente, noite dentro, alheio às pressões das pontuações.
Súbito, ouviu-se Xavier praguejar. Raios, o parceiro deixara-o snooker.
Refeito da surpresa, lentamente inclinou-se sobre a direita, taco atrás das costas sobre a camisa suada, olho esquerdo semi cerrado tentando adivinhar a melhor trajectória. Finalmente estacou.
Os habituais frequentadores, adivinhando o grande momento, aproximaram-se, em silêncio, cerrando círculo .
Xavier respirou fundo. Concentrado fez deslizar o taco pelo gancho do indicador e com firmeza desferiu a tacada.
A bola branca saiu girando suavemente sobre o pano morno até ao toque seco na tabela do fundo, ricocheteando girando para a tabela esquerda, depois a direita, até ao toque proporcionado na bola vermelha.
Fantástica jogada de antologia!
Como que impulsionados por uma mola a assistência desatou entusiasmada aos abraços e palmadas no Xavier.
Diz quem viu, que não houve, até hoje, noite de tamanha glória. Melhor só a noite da eleição do José Manuel Durão Barroso o grande artífice do sonho português.

2005/02/16

Novas Crónicas

XavierSA, nomeado pelo ministro da saúde, Luís Filipe Pereira, está prestes a abandonar o Hospital SA.
Seguindo o exemplo do seu ministro está a preparar a edição de um livro sobre a sua experiência na Saúde que pretende publicar até às próximas férias.
Até lá, tem prontas mais algumas crónicas que vai passar a publicar aqui no Xavier SA já a partir da próxima semana.
Estou em condições de revelar, em primeira mão, que XavierSA tem sido o conselheiro privilegiado dos bloggers do SaudeSA, aos quais tem dado algumas dicas úteis sobre a bagunçada dos Hospitais SA.
Até breve. Saudações SA.

2004/09/09

Sessão da Tarde


A pouco e pouco os elementos do CA regressavam do almoço.
Juntou-se-lhes o quinto elemento, administrador não executivo, que não pudera estar presente na sessão da manhã.
Na sala de reuniões, a equipa do Conselho de Administração aguardava em silêncio olhando de soslaio para a cadeira flamejante.
Finalmente, apareceu a administradora.
Entrou na sala sem dirigir palavra, ar lunático, enrolando as farripas do cabelo desgrenhado entre os dedos, a arrastar os saltos altos em direcção à cadeira expectante, sentando-se cuidadosamente.
O administrador recém chegado reabriu a sessão. Tinha uma proposta para apresentar: a realização de um “out sourcing” para a concessão dos Cuidados Intensivos.
- Meus caros colegas, para a execução deste objectivo, o primeiro passo a dar é a elaboração do Caderno de Encargos. O gabinete de um amigo que muito prezo, técnico competente, poderá, rapidamente, elaborar o referido documento. O passo seguinte será o desenvolvimento do procedimento de adjudicação mediante a consulta às empresas que eu tenho aqui listadas. Para a apreciação das propostas conheço um outro gabinete que nos poderá fazer o serviço por tuta e meia.
- A concessão da UCI a uma entidade externa é legal ?
Quis saber o Director Clínico.
- Como o senhor Director sabe, este hospital é uma Sociedade Anónima! No âmbito do código destas sociedades a realização de um contrato deste tipo é perfeitamente legal. Por outro lado, cabe aos administradores SA criar novas formas de gestão. Combater o monopólio do Estado na gestão da saúde através do estabelecimento de parcerias com o sector privado. Só assim nos safamos. Quer dizer, só assim estaremos a contribuir para a privatização da Saúde.
- E a qualidade ? Atalhou, hesitante, o XavierSA.
- A qualidade, a qualidade é a que estiver prevista no Caderno de Encargos. Os médicos e os enfermeiros do concessionário são tão competentes como os outros. Todos têm carteira profissional. Além disso, estas empresas utilizam pessoal auxiliar em muitas das tarefas, habitualmente, desempenhadas por médicos e enfermeiros o que nos permitirá baixar, substancialmente, os custos.
Continuou entusiasmado o administrador proponente.
Após a colocação de mais algumas questões, prontamente esclarecidas, o Conselho de Administração dava-se por convencido face aos argumentos brilhantemente expostos pelo administrador não executivo, votando unânime na sua proposta.
Parecia ter sido encontrada uma solução para o embriólogo. Uma solução inovadora, aliás. Depois do intenso partir de pedra da sessão da manhã, o processo acabara por parir a decisão ajustada.
Pensou XavierSa com os botões.
Mais conformado que satisfeito, XavierSA registou as últimas notas necessárias para a elaboração da acta da reunião: Concessão da Unidade de Cuidados Intensivos a uma entidade externa (equipamento e pessoal). Custos? Estudo prévio e alternativas? (que se lixe). O administrador não executivo ficou responsável pelo condução do projecto.
Na folha, junto aos apontamentos, XavierSA desenhara durante a reunião inúmeros arabescos indecifráveis.
Pareciam novelos de cobras cuspideiras.

2004/09/03

XavierSA, interrompe as férias.


1. - Férias, SA
XavierSA, encarrapitado num banco do bar contíguo à piscina, bebericava o seu primeiro Jonnhy Walker de mais um dia de férias no Algarve.
Sobressaltou-se com o toque do telemóvel.
Com as mãos trémulas procurou entre a desarrumação da sua inseparável “pochette”.
Empalideceu ao identificar no visor a origem da chamada.
- Está? Estou a ouvir mal!
- O quê? Uma reunião urgente do Conselho de Administração amanhã por causa da ventilação?
- Que raio, interrompem-me as férias por causa da ventilação! Abram as janelas. Comprem ventoinhas. Instalem ar condicionado.
- Quando chegar aí, essa cuspideira vai-me ouvir das boas.
Com um gesto brusco desligou o telemóvel. Emborcou dum gole o que restava no copo e apeando-se do banco dirigiu-se apressado para o outro extremo da piscina onde Arlete, besuntada de óleo de coco, tisnava ao sol.

2. – O Processo de Tomada de Decisão, SA:
A reunião do Conselho de Administração estava prestes a iniciar-se.
XavierSA, após duas horas de viagem a “abrir”, sentara-se no seu lugar habitual da sala de reuniões a dar uma vista de olhos apressada pela documentação que a sua secretária, entretanto, lhe trouxera.
Faltava a cadeira da administradora. Todos esperavam em silêncio.
Finalmente, a secretária da administração apareceu com a famigerada cadeira. De mogno polido com uns entalhes arabescos e um assento forrado com um tecido espampanante, parecia um objecto recuperado da sala de jantar do conde de Odivelas.
Acomodadas as partes doridas, a administradora executiva preparava-se para dar início à reunião agendada no dia anterior. O problema a tratar dizia respeito a uma queixa do Director da UCI sobre a ruptura do equipamento de ventilação da Unidade que obrigava a encaminhar doentes do hospital para outras unidades. A empresa responsável pela assistência técnica era de parecer que dois dos ventiladores deveriam ser abatidos dado os largos anos de utilização e o custo elevado da reparação. A substituição do equipamento significava um investimento de cerca de 20 000 Euros, valor não previsto no orçamento do hospital.
- Meus senhores, a minha proposta é de que deve proceder-se à reparação do equipamento, seleccionando para o efeito outra empresa. Faz-se um ajuste directo e pronto.
Com voz trémula XavierSA, atalhou:
- Na minha opinião devemos apresentar este problema à Unidade de Missão. Talvez eles nos disponibilizem financiamento especial de molde a não prejudicar a execução orçamental e a nossa posição no ranking dos SA.
- Isso das contas é com vocês. Arranjem-se como puderem. Desenrasquem-se. O que eu não posso permitir é que os meus doentes estejam a ser desviados para outros hospitais por causa da merda do equipamento. Tenho os meus médicos a pressionar-me.
Berrou do seu canto o Director Clínico.
- Eu acho que o Senhor Director tem toda a razão. Tem toda a razão.
Tentou sossegá-lo a enfermeira directora.
- O Senhor Director, cortou o cabelo?
- Ah, fica-lhe muito bem.
- O Senhor Director tem toda a razão. Eu acho que, o Senhor Director tem sempre toda a razão.
Prosseguiu delambida a enfermeira directora.
- Faz-se um ajuste directo.
Interrompeu, esganiçada, a administradora executiva.
- Qual ajuste! Pede-se ajuda à Unidade de Missão e pronto.
Atalhou o XavierSA.
- E os doentes. E os doentes !
Vociferou, colérico , o director clínico.
- Tem toda a razão, Senhor Director. Tem toda a razão!
Continuou a enfermeira, preocupada com o seu director.
Todos ao mesmo tempo:
- Faz-se um ajuste directo!
- Pede-se ajuda à Unidade de Missão !
- E os Doentes! E os Doentes ! ! !
- Tem toda a razão, Senhor Director! Toda a razão!
3. - A sessão de trabalho foi interrompida para o almoço.
Talvez a tomada de decisão se torne mais fácil com as barrigas aconchegadas.
E, os doentes podem esperar.

2004/08/06

Xavier, pagador de promessas

Novo episódio das Aventuras de XavierSA

I - Parte:
1. – Xavier, reconheçamos, tem passado por duras experiências desde a sua nomeação para administrador SA.
Primeiro, a euforia das remunerações principescas, o reconhecimento social e o novo BMW.
Seguiram-se, o mergulho na realidade hospitalar, a implementação das primeiras medidas de reorganização, a melhoria dos indicadores e a subida no Ranking dos hospitais.
A segunda fase, menos boa, coincidiu com uns pequenos devaneios da sua Arlete, embeiçada por um enfermeiro do bloco operatório.
Com o passar do tempo, as medidas implementadas deixaram de repercutir efeitos positivos nos resultados. A subida no Ranking estagnou. Os conflitos laborais agudizaram-se. Começaram a aparecer os primeiros sinais de fragilidade na equipa de gestão.
Foi uma fase de cepticismo que ajudou o Xavier a desenvolver o espírito crítico em relação ao projecto de Luís Filipe Pereira.
A autonomia dos hospitais SA era reduzida, pois a Unidade de Missão centralizava todas as decisões importantes. Os contratos programa eram meros exercícios formais para justificar o financiamento do estado. O prometido investimento, necessário à recuperação da estrutura do hospital, não fora distribuído. A gestão do pessoal por objectivos não avançava. Os critérios de avaliação utilizados na grelha do Ranking beneficiáva, claramente, os hospitais de construção mais recente. Enfim, a tão apregoada gestão empresarial não passava de um faz de conta, dum compasso de espera até a verdadeira privatização poder avançar.
2. - Ultimamente sentia que a liderança da equipa, a condução do processo de gestão do hospital lhe fugia.
A laboração da empresa hospitalar gira toda à volta da prestação de cuidados o que, dá, naturalmente, maior protagonismo aos médicos.
O Director Clínico, elemento não executivo do Conselho de Administração, homem de trato rude, perfil carregado e cinzentão, com fraca ou nenhuma formação de gestão, cacique local do partido no poder, tornara-se o verdadeiro líder, passando por ele todas as decisões da gestão do hospital.
A constatação desta situação magoava-o. Fazia, no entanto, todos os esforços para não mostrar ressentimento de forma a não suscitar contrariedades nos outros elementos do Conselho de Administração.
Mas o que lhe causava maior desgaste era a relacionamento com o gestor executivo, elemento de perfil complexo, conhecida no hospital pelo "petit nom" de cuspideira de saltos altos.
Padecendo de várias maleitas, sobretudo da alma, tinha grandes e súbitas alterações de humor que a levavam a travar esganiçadas discussões por ninharias que muito o melindravam.
2.ª - Parte:
Tendo tomado conhecimento que o Dr. Xavier estava de baixa, decidimos visitá-lo na sua casa de Azeitão.
Atendeu-nos ao portão uma moça que se identificou como governanta da Dr.ª Arlete.
Depois de a informarmos ao que vínhamos, fomos conduzidos a uma pequena sala, onde aguardámos, pacientemente, pelo Dr. Xavier.
Enquanto esperávamos, entretivémo-nos a fazer o inventário do aposento. Um sofá e dois cadeirões de cabedal preto. Três televisões de dimensões diferentes. Um aquário iluminado com peixes meia lua. Uma estante repleta de lombadas de coiro. Um quadro na parede com o retrato a óleo da D.Arlete sentada, as pernas generosamente cruzadas.
A entrada do Dr. Xavier de cadeira de rodas, colheu-nos de surpresa.
- Bom dia, meus caros amigos. A que devo a honra desta visita?
- Soubemos da sua baixa e viemos ver como está o senhor doutor.
- Estou a melhorar, mas tenho passado mal.
Vocês nem sabem os trabalhos em que me meti! Fui a pé a Fátima pagar uma promessa e dei cabo dos pés.
-A Drª Arlete ?
Perguntámos por cortesia
-A D. Arlete, não está. Últimamente, sai todos os dias no BMW do hospital. Ainda vou ter problemas por causa dela.
- Querem beber alguma coisa?
Perguntou o doutor Xavier, tentando mudar o rumo à conversa.
-Água, se faz favor.
O doutor Xavier arrastou a cadeira até ao móvel do canto da sala que servia de bar e pediu-nos que o ajudássemos a preparar um Johnny Walker, indicando-nos onde poderíamos tirar as nossas águas.
Depois de lhe termos expressado, mais uma vez, a nossa gratidão, uma vez que, fora o doutor Xavier a arranjar-nos emprego no hospital, numa função, razoavelmente remunerada, para a qual não tinhamos as habilitações necessárias, perguntámo-lhe:
-Doutor Xavier, mas que promessa o levou a ir a pé a Fátima?
-O que havia de ser? Então o raio do Sampaio não esteve prestes a entregar o ouro ao bandido. Foi por um triz. Se não fosse a minha promessa lá estaríamos, nesta altura, a gramar o comunista do Ferro Rodrigues.
-Mas, senhor doutor...
-Acreditem, que é como vos digo. A coligação é a única força política com vontade e capacidade para governar Portugal. Que aconteceria ao projecto da saúde se o Sampaio não tivesse nomeado o Santana Lopes? Como é evidente, iria tudo por água abaixo! Os hospitais SA, as Parcerias, o BMW da minha Arlete, quero dizer, o meu BMW, os vossos empregosinhos.
-Já telefonei ao nosso ministro a dar-lhe os parabéns. Agradeceu-me comovido dizendo-me que também ele receara muito pelo projecto da privatização dos hospitais. Acrescentou, que agora com a sua renomeação é que a reacção iria ver quem é o Luís Filipe Pereira. A criação da "holding" para os SA e as Parcerias com os Mellos para a construção e gestão dos novos hospitais inviabilizarão a reversibilidade do processo, aconteça o que acontecer.
- Isto cá para nós. De parceria com os Mellos, anda ele desde o princípio. Aquele grande malandro é que os leva a todos,ah, ah, ah!
Após várias horas de conversa sobre a situação política, o projecto de reforma da saúde e muitas idas ao bar, despedimo-nos desejando-lhe rápido restabelecimento.
À saída não pude deixar de lançar um último olhar ao retrato da Dr.ª Arlete.
No regresso a Lisboa vieram-me à lembrança as pernas esguias do quadro. Nada más.
Sacana do enfermeiro que andava a espatifar o BMW do hospital!

2004/06/17

Sr. Moore

Quero desde já apresentar a minha candidatura e da minha SA, para a partipação no documentário anti-Pereira.
Como sabem, a minha SA é das que mais tem subido no Ranking dos hospitais, devido à implementação de políticas de gestão ajustadas e equitativas.
Espero que o senhor Moore tenha este facto em consideração.
Faço votos para que no próximo ano sejamos os vencedores do Festival de Cannes, facto que para o senhor Moore deverá ser importante, pois passa a ser como o FCP, que arrecadou duas vitórias europeias consecutivas.

2004/06/16

Vitória

Portugal SA - 2 Rússia - 0.
Viva as SA.

Viva Portugal, SA !

Camaradas SA:

Construímos dez estádios.
Organizámos o Europeu 2004, que está a decorrer com êxito.
Temos demonstrado competência no capítulo da segurança.

A Selecção Portuguesa é que decepcionou no jogo frente à Grécia.

Já mandei uma mensagem ao senhor Scolari a oferecer a colaboração das nossas SA, não só para o caso de se verificarem lesões, mas também para apoio psicológico aos jogadores.
Os jogadores da selecção deverão seguir o exemplo das equipas SA.

Eu sugeri também ao Presidente da Federação, senhor Gilberto Madail, pessoa, que eu muito prezo, que fosse alterada a designação da nossa selecção para Selecção de Portugal, SA.

Frente à selecção da Rússia, vamos conseguir uma folgada vitória.
Viva Portugal!
Viva Portugal SA.
Saudações SA
Com consideração
Xavier

2004/06/02

XavierSA, escreve ao Expresso.

Ex.mo Senhor Director
do Semanário Expresso


Decidi enviar esta carta a V. Ex.ª, para o pôr ao corrente dos danos e preocupações que, o artigo do Dr. Pedro Nunes, ilustre bastonário da OM ( Ordem dos Médicos), publicado na vossa edição de Sábado, 29 de Maio, nos tem causado.

O Dr. Pedro Nunes, no seu texto de prosa contundente, trata os administradores SA, colocados nos hospitais pelo Senhor Ministro da Saúde, Dr. Luís Filipe Pereira, de uma forma inaudita, como passo a transcrever:

"Em contrapartida,(o ministro da saúde) trouxe com ele a poluição do sistema por gente estranha, cuidadosa como elefante em loja de porcelana, e um manancial de riscos, como a destruição do Serviço Nacional de Saúde..."

Sinceramente, Senhor Director, considerar-nos GE (Gente Estranha), PS (Poluidores do Sistema), PPD (Perigosos Poluidores Desajeitados). EQP (Elefantes Quebra Loiças). DSNS (Destruidores do SNS). TSNS (Terroristas do SNS), ultrapassa todos os limites.

Temo, que as forças de segurança PSP, GNR, PJ, SIS, FBI, MI5,CIA, etc, após a publicação deste artigo, nos passem a tratar como perigosos terroristas da Al Qaeda, destruídores do Serviço Nacional de Saúde.

Para o Senhor Director avaliar, a perturbação que a publicação do referido artigo me causou, confesso-lhe, que esta semana tive de recorrer, a uma consulta médica da minha SA.
Foi-me diagnosticado stress pós traumático agudo, causado pelo poderoso agente patogénico OM.
Apesar dos tratamentos, a minha situação clínica não tem melhorado.

Depois do ataque do Dr. Pedro Nunes temos sido alvo de chacota por parte do pessoal hospitalar.
Ainda hoje, no início da manhã, quando fui à cafetaria do hospital, como de costume, para tomar o pequeno-almoço, ao passar por uma das mesas, empurrei, inadevertidamente, com a aba do casaco uma chávena que se estilhaçou no chão com estrondo. Ouvi logo os dichotes de um engraçadinho:"Eh! malta, elefante à vista, cuidado com as porcelanas".
Estas situações que, a V.Ex.ª, até poderão parecer engraçadas, têm-me esfrangalhado os nervos.

Quanto ao senhor ministro da saúde, "homem calculista das pequenas políticas, cansado, acossado e definitivamente enredado no seu labirinto - um ministro a curto prazo ", aguarda, segundo me comunicou por telefone, no seu posto, a reacção do nosso primeiro ministro, Durão Barroso.

Para terminar, Senhor Director, queria revelar-lhe um segredo e fazer-lhe um pedido.

Quanto ao segredo, trata-se de um pensamento profundo que me inquieta desde que vim para os hospitais. Peço-lhe, encarecidamente, que não o revele a ninguém.
O ministro da saúde, homem experiente e inteligente, sabe muito bem que nós somos uns nabos. Que não percebemos nada de Administração Hospitalar. Nós não fomos seleccionados. Nós somos aquilo a que vocês chamam de "boys". Os "jobs" foi o Luís Filipe Pereira que os forneceu.
Quanto ao pedido, Senhor Director... Não me arranja um lugarzinho no seu jornal. Sempre deve ser mais fácil que o trabalho nos hopspitais.


2004/05/21

A SELECÇÃO DO XAVIER,SA

Xavier, enviou ao Jornal Público a sua constituição favorita da Selecção Nacional de Futebol.
Inexplicavelmente, o Público não a publicou.
SaudeSA, teve acesso ao Email enviado ao referido matutino, com a constituição do melhor onze Nacional, segundo XavierSA.
Ele aqui vai:

Moreira
Miguel, Jorge Andrade, Ricardo Rocha, Rui Jorge
Petit
Deco, Tiago, Figo
Simão Sabrosa
Nuno Gomes

É de Lampião.
É a versão encarnada da melhor selecção, proposta por Eduardo Barroso (versão verde), publicada no Jornal Público.

2004/05/19

XAVIER SA, VIBROU COM A TAÇA

1. - O Benfica vencera o Porto

Xavier, exultou de alegria.
O Benfica, ganhara, finalmente, um título, após oito anos de jejum.
Sentiu-se feliz.

Os momentos de felicidade, na sua vida, contavam-se pelos dedos.
A eleição do camarada, José Manuel Durão Barroso, a sua nomeação como administrador executivo da SA e a surpresa da conquista da taça.

A vitória viera mesmo a calhar.

2. - Vivia baralhado com as contingências da gestão hospitalar.

Quando o número de Internamentos aumentava, melhorava a taxa de ocupação, mas piorava a demora média.
Quando o número de cirurgias urgentes melhorava, prejudicava a execução do PECLEC, digo, SIGIC.

Mas o pior, eram as regras de financiamento.
O seu Hospital SA recebia mais por não produzir do que por realizar mais produção. Se ultrapassasse a produção contratada com a Unidade de Missão, em vez de ser premiado, era fortemente penalizado.

Que pretenderia o governo ao estabelecer um quadro de funcionamento e de financiamento penalizador dos hospitais que prestassem cuidados de saúde acima da produção contratada(suportando a parcela mais importante dos custos de exploração)?

Como explicar aos responsáveis dos serviços que deveriam rentabilizar a sua actividade, sem ultrapassar, no entanto, as metas contratadas com a Unidade de Missão ?

3. - Tornara-se céptico.

Alguns rudes golpes, haviam causado sérios danos na "entourage" das SAs hospitalares: relatório do 1.º ano de actividade, pedido de demissão do José Mendes Ribeiro, vários escândalos, como o caso "Net-Saúde", demissões em massa de directores e administradores executivos.
Sabia que estes desaires eram o resultado natural do "interface" entre a reforma e a resistência.
(como o seu discurso se sofisticara!)

4. - Ainda acreditava no projecto.

No entanto, ultimamente, dera algumas entrevistas a conhecidos órgãos da comunicação social, onde fizera algumas "rectificações" pouco oportunas ao processo em curso.
Tais iniciativas, valeram-lhe algumas desconfianças e a acusação de oportunista, a tentar virar o bico ao prego.
Más línguas.
O que aconteceu, resultou da necessidade de mandar uns bitaites sobre a gestão SA, para que conste que, o Xavier, já percebe alguma coisa do assunto.

5. - Mudara muito desde que chegara aos hospitais.

Compreendia agora melhor as dificuldades.

O Serviço Nacional de Saúde, tinha algumas virtualidades que era necessário perseverar.

Lamentava alguns excessos que cometera nas lutas da empresarialização dos hospitais.
Era, no entanto, tarde demais para arrependimentos.

Apesar de tudo, ainda acreditava no projecto de privatização dos hospitais do SNS.

6. Os problemas da sua SA, traziam-no, preocupado

Os indicadores que haviam melhorado com as medidas implementadas de início, auguravam, agora, dificuldades no cumprimento das metas planeadas.

Receava cair no "ranking" das SA.

Dormia mal.
Acordara a meio da noite e ficara para ali a pensar, horas a fio, sem pregar olho.

No dia seguinte tinha uma reunião importante no "partido".

A lembrança da vitória do glorioso na taça de Portugal, reconfortou-o.

Já rompia a manhã, quando adormeceu.