2004/05/19

XAVIER SA, VIBROU COM A TAÇA

1. - O Benfica vencera o Porto

Xavier, exultou de alegria.
O Benfica, ganhara, finalmente, um título, após oito anos de jejum.
Sentiu-se feliz.

Os momentos de felicidade, na sua vida, contavam-se pelos dedos.
A eleição do camarada, José Manuel Durão Barroso, a sua nomeação como administrador executivo da SA e a surpresa da conquista da taça.

A vitória viera mesmo a calhar.

2. - Vivia baralhado com as contingências da gestão hospitalar.

Quando o número de Internamentos aumentava, melhorava a taxa de ocupação, mas piorava a demora média.
Quando o número de cirurgias urgentes melhorava, prejudicava a execução do PECLEC, digo, SIGIC.

Mas o pior, eram as regras de financiamento.
O seu Hospital SA recebia mais por não produzir do que por realizar mais produção. Se ultrapassasse a produção contratada com a Unidade de Missão, em vez de ser premiado, era fortemente penalizado.

Que pretenderia o governo ao estabelecer um quadro de funcionamento e de financiamento penalizador dos hospitais que prestassem cuidados de saúde acima da produção contratada(suportando a parcela mais importante dos custos de exploração)?

Como explicar aos responsáveis dos serviços que deveriam rentabilizar a sua actividade, sem ultrapassar, no entanto, as metas contratadas com a Unidade de Missão ?

3. - Tornara-se céptico.

Alguns rudes golpes, haviam causado sérios danos na "entourage" das SAs hospitalares: relatório do 1.º ano de actividade, pedido de demissão do José Mendes Ribeiro, vários escândalos, como o caso "Net-Saúde", demissões em massa de directores e administradores executivos.
Sabia que estes desaires eram o resultado natural do "interface" entre a reforma e a resistência.
(como o seu discurso se sofisticara!)

4. - Ainda acreditava no projecto.

No entanto, ultimamente, dera algumas entrevistas a conhecidos órgãos da comunicação social, onde fizera algumas "rectificações" pouco oportunas ao processo em curso.
Tais iniciativas, valeram-lhe algumas desconfianças e a acusação de oportunista, a tentar virar o bico ao prego.
Más línguas.
O que aconteceu, resultou da necessidade de mandar uns bitaites sobre a gestão SA, para que conste que, o Xavier, já percebe alguma coisa do assunto.

5. - Mudara muito desde que chegara aos hospitais.

Compreendia agora melhor as dificuldades.

O Serviço Nacional de Saúde, tinha algumas virtualidades que era necessário perseverar.

Lamentava alguns excessos que cometera nas lutas da empresarialização dos hospitais.
Era, no entanto, tarde demais para arrependimentos.

Apesar de tudo, ainda acreditava no projecto de privatização dos hospitais do SNS.

6. Os problemas da sua SA, traziam-no, preocupado

Os indicadores que haviam melhorado com as medidas implementadas de início, auguravam, agora, dificuldades no cumprimento das metas planeadas.

Receava cair no "ranking" das SA.

Dormia mal.
Acordara a meio da noite e ficara para ali a pensar, horas a fio, sem pregar olho.

No dia seguinte tinha uma reunião importante no "partido".

A lembrança da vitória do glorioso na taça de Portugal, reconfortou-o.

Já rompia a manhã, quando adormeceu.